segunda-feira, 26 de março de 2012

Servidora revela "mensalinho" de João da Locadora

João Bosco Rodrigues (PT) teria exigido repasse de parte dos salários de funcionários. Valor ultrapassa os 15%

A política mineira já tornou célebre a história de um ex-secretário de Estado no início dos anos 1980, acusado de cobrar 15% para viabilizar negócios entre empresários e o governo. No meio empresarial, ele ficou conhecido como “quinzinho”, em função das cobranças. Agora, a servidora da Prefeitura de Belo Horizonte, Fátima Lúcia de Carvalho, acusa o vereador João Bosco Rodrigues (PT), conhecido como João da Locadora, de ter “herdado” a prática.

Porém, em vez de cobrar o percentual de empresários, o petista é acusado de ficar com 20% do salário dos servidores de seu gabinete e com 15% dos indicados por ele para cargos na prefeitura. Fátima afirma que, assim como outros servidores, fez os repasses de parte do seu salário ao vereador. “Eu apoiei o João Bosco na época da campanha e pedi ajuda para permanecer no cargo. Só que depois de tudo resolvido, o vereador considerou que o cargo era de indicação dele e pessoas ligadas ao mandato vieram me fazer cobranças mensais. Fiz pelo menos três pagamentos para ele”, disse.

No início, a servidora afirmou não saber do que se tratava. “Achei estranho e não sabia o que estava acontecendo”. Outras pessoas que trabalharam com o petista, mas que pediram anonimato, confirmaram a cobrança. Uma delas apresentou recibos dos depósitos, incomuns para casos de corrupção.


As cobranças teriam começado no início do mandato, em 2009. O sistema funcionaria da seguinte forma: no quinto dia útil do mês cada funcionário devolvia o dinheiro por meio de um depósito nas contas da Associação Social Solidariedade, da qual João Bosco foi presidente. A sede fica no bairro Rio Branco, em Venda Nova. Segundo denúncia, os valores cobrados variam de acordo com o cargo. “O telefone tocava exigindo o depósito. Nas vezes em que fiz o repasse, mandei um valor menor. Mas eles não deixavam de cobrar, pois sabiam quanto eu ganhava”.

Depois de pagar por alguns meses, Fátima decidiu romper com João. “Procurei o vereador e mostrei que a cobrança era indevida. Falei com ele que a situação me incomodava. Mas nada mudou”. Após a conversa, Fátima afirmou ter sido vítima de perseguição. “Tentaram me tirar do cargo, com denúncias infundadas no PT e também na corregedoria do município. No final, nada foi provado e continuei na minha função”.

Filiada ao PT, a servidora fez questão de minimizar a prática por parte dos colegas de partido e se mostrou decepcionada com o posicionamento de João da Locadora. “A postura dele é antiética. O partido nem tem conhecimento disso. É um fato isolado e não é uma prática do PT. João entrou na legenda há pouco tempo e não tem o direito de manchar a história do partido”.

Fonte: Jornal Hoje em Dia

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