João Bosco Rodrigues (PT) teria exigido repasse de parte dos salários de funcionários. Valor ultrapassa os 15%
A política mineira já tornou célebre a história de um ex-secretário de
Estado no início dos anos 1980, acusado de cobrar 15% para viabilizar
negócios entre empresários e o governo. No meio empresarial, ele ficou
conhecido como “quinzinho”, em função das cobranças. Agora, a servidora
da Prefeitura de Belo Horizonte, Fátima Lúcia de Carvalho, acusa o
vereador João Bosco Rodrigues (PT), conhecido como João da Locadora, de
ter “herdado” a prática.
Porém, em vez de cobrar o percentual de empresários, o petista é acusado
de ficar com 20% do salário dos servidores de seu gabinete e com 15%
dos indicados por ele para cargos na prefeitura. Fátima afirma que,
assim como outros servidores, fez os repasses de parte do seu salário ao
vereador. “Eu apoiei o João Bosco na época da campanha e pedi ajuda
para permanecer no cargo. Só que depois de tudo resolvido, o vereador
considerou que o cargo era de indicação dele e pessoas ligadas ao
mandato vieram me fazer cobranças mensais. Fiz pelo menos três
pagamentos para ele”, disse.
No início, a servidora afirmou não saber do que se tratava. “Achei
estranho e não sabia o que estava acontecendo”. Outras pessoas que
trabalharam com o petista, mas que pediram anonimato, confirmaram a
cobrança. Uma delas apresentou recibos dos depósitos, incomuns para
casos de corrupção.
As cobranças teriam começado no início do mandato, em 2009. O sistema
funcionaria da seguinte forma: no quinto dia útil do mês cada
funcionário devolvia o dinheiro por meio de um depósito nas contas da
Associação Social Solidariedade, da qual João Bosco foi presidente. A
sede fica no bairro Rio Branco, em Venda Nova. Segundo denúncia, os
valores cobrados variam de acordo com o cargo. “O telefone tocava
exigindo o depósito. Nas vezes em que fiz o repasse, mandei um valor
menor. Mas eles não deixavam de cobrar, pois sabiam quanto eu ganhava”.
Depois de pagar por alguns meses, Fátima decidiu romper com João.
“Procurei o vereador e mostrei que a cobrança era indevida. Falei com
ele que a situação me incomodava. Mas nada mudou”. Após a conversa,
Fátima afirmou ter sido vítima de perseguição. “Tentaram me tirar do
cargo, com denúncias infundadas no PT e também na corregedoria do
município. No final, nada foi provado e continuei na minha função”.
Filiada ao PT, a servidora fez questão de minimizar a prática por parte
dos colegas de partido e se mostrou decepcionada com o posicionamento de
João da Locadora. “A postura dele é antiética. O partido nem tem
conhecimento disso. É um fato isolado e não é uma prática do PT. João
entrou na legenda há pouco tempo e não tem o direito de manchar a
história do partido”.
Fonte: Jornal Hoje em Dia
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